O caminho do feminino

Melquíades nasce a 9 de Outubro de 1928 em Penafiel. Uma libriana aguerrida e audaz que passa pelo clima da Grande Depressão assistindo ao início da criação europeia e passando por uma ditadura fascista onde liberdade de expressão não era uma qualidade bem aceite. Trabalhou, casou e teve dois filhos. A filha herdou a valentia que transmitiu ao filho.

O filho nasceu sonhador, neto de Melquíades e criado pelo trio de mulheres formado obviamente pela mãe Fernanda e pela prima Nani. E o filho sou eu!

A Quinta que deve o nome a esta inspiradora mulher é fruto de um sonho, de um devaneio, quase de uma utopia. Sempre gostei de sentir uma comunidade, uma “massa critica” como lhe chamava James Redfield. A ideia de ser mais auto-suficiente, poder conectar-me diretamente com a Natureza, acordar com os pássaros e adormecer com o embalar das corujas. A luz da cidade ofuscava-me a visão das estrelas. O trote do trânsito, os berros das ambulâncias e a constante tentativa de alguém chegar à frente de alguém, deixava-me desconcertado. No dia em que vi pela primeira vez este terreno tive a impressão que sempre cá tinha estado. De facto o único sonho que me lembro de ter quando era criança, era de ter vindo cá (tinham-me falado que existia este pedaço de terra na família, algures) e de estar super feliz rodeado de arvoredo.

Em criança não sonhava tão alto, era só uma casita no meio do verde. Hoje, a casita tornou-se em três construções contemporâneas, completamente integradas na paisagem e cuja base foi sempre o amor. Mas construir sem apoios é impossível e nunca quis meter subsídios na história. Vendi a minha casa, a minha mãe vendeu uma casa, o meu pai esfolou-se durante anos, uma amiga ajudou a financiar e ainda assim para estar perfeito teremos um trabalho de vários anos.

Agora é altura de desfrutar cada detalhe deste paraíso. Cada árvore, cada arbusto, cada flor tem uma história por detrás. Há uma intenção em cada pedaço e quando nos visitares poderás conhecer tudo.